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Publicada em 09/09/22 às 23:02h - 35 visualizações
Em entrevista à CNN de Portugal, Papa Francisco brinca sobre o nome de seu sucessor. O que está por trás disso?

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 (Foto: Rádio Fique na Luz)
"Papa João XXIV" vem aí?
Em entrevista à CNN de Portugal, Papa Francisco brinca sobre o nome de seu sucessor. O que está por trás disso?

O Papa Francisco, sempre muito acessível à imprensa, concede entrevistas aos jornalistas do mundo todo. E faz questão de recebê-los no prédio onde vive (Casa Santa Marta) e contribuir para que a conversa flua da maneira mais descontraída possível. O pontífice, que não é muito fã de protocolos, nem sequer exige que as perguntas sejam enviadas com antecedência. Afinal, se ele fizesse o contrário, não seria Francisco. É por isso que muitos jornalistas se sentem à vontade até para tratar de assuntos espinhosos durante esses colóquios. Foi numa dessas entrevistas, inclusive, que ele rebateu as especulações em torno da sua renúncia.

A última entrevista que ele concedeu foi à CNN de Portugal, cujos trechos foram publicados recentemente pela emissora. Ao ser questionado se irá a Portugal em 2023 para conduzir a Jornada Mundial da Juventude, respondeu em tom bem-humorado:

“O Papa vai. Ou eu ou João XXIV”.

Claro que foi somente mais uma piada do Papa Francisco, mas analisando-a de “maneira técnica”, precisamos fazer algumas considerações:

Francisco nunca escondeu sua admiração por João XXIII, a quem canonizou por “equipolenza”, quando o pontífice dispensa o candidato aos altares do milagre necessário para a canonização. Neste caso, as leis da igreja estabelecem que essa exceção pode ser aplicada se “houver a prova da constância e da antiguidade do culto ao candidato a santo, o atestado histórico incontestável de sua fé católica e virtudes, e a amplitude de sua devoção”. O pontífice argentino fez o mesmo com José de Anchieta, que foi canonizado em 2014.

No início do pontificado, por causa da exortação apostólica Evangelii Gaudium, publicada em 2013, que se tornou o programa de governo de Francisco, muitos diziam que seu pontificado evocava o de Paulo VI. Mas ficou evidente, principalmente após ele ter anunciado que faria reformas, que ele imprimiria uma marca “joanina” em seu papado. Dito e feito.

A sinodalidade, sobre a qual foram construídas as bases da igreja primitiva, inclusive em relação à própria doutrina, foi evidenciada já no anúncio do Concílio Vaticano II, em 1959. Segundo as palavras do papa bom, seria um concílio em prol “da unidade e da graça”. E, de fato, o Vaticano II foi o concílio com maior participação de bispos da história do catolicismo. Não existiam “forças antagônicas” querendo acabar com a Igreja, como muitos, falsamente, o interpretam. A constituição sobre a reforma litúrgica, por exemplo, recebeu quase 90% de aprovação dos participantes.

O pontificado de Francisco bebe da fonte do pontificado de João XXIII, sem sombra de dúvidas. E, como enunciamos aqui, não é capricho de Francisco focar nesse tema. Na verdade, ele recorre à própria Tradição, com T maiúsculo, quando impulsiona a igreja nessa direção.

Como todo Papa, o pontífice argentino tem escolhido cardeais alinhados ao seu governo. As suas nomeações seguem, principalmente, o critério da sinodalidade. Se a Igreja é universal, os colaboradores do Papa precisam estar em todos os lugares.

Nos melhores sonhos de Francisco, é certo que um "João XXIV” seria o ideal para dar continuidade a seu programa de reforma. Na verdade, ele está trabalhando para isso. Por outro lado, ele também é consciente que a instituição, a depender “dos sinais dos tempos”, pode avaliar o contrário. Pelo menos até agora, em era contemporânea, a máxima do “papa certo para o tempo certo” se adequa em muitas situações.

Isso porque os católicos, representados pelos cardeais no conclave, não querem mais um “monarca”, mas um pastor, e de preferência santo. E quem continua apegado aos vícios da corte renascentista, como esses católicos ligados ao tradicionalismo cismático e à religiosidade estética, não entenderam que a Igreja Católica, sem apartar-se da história e da Tradição (com T maiúsculo) que a fundamentam, se esforça para ser um promotora de sentido num mundo que busca reorientar-se.

DomTotal
*Mirticeli Medeiros é jornalista e mestre em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Desde 2009, cobre o Vaticano para meios de comunicação no Brasil e na Itália e é colunista do Dom Total, onde publica às sextas-feiras.




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